Publicado em 28 de abril de 2025
Promover justiça social é garantir que direitos deixem de ser promessa e se tornem realidade — especialmente para quem mais precisa. É enfrentar desigualdades e construir dignidade para todos.
Escrito por Talícia Dantas – talicia@somosumce.com.br
Assistente Social da Somos Um
28 de Abril de 2025
Justiça Social rata-se de garantir o acesso aos direitos sociais. Quando promovemos possibilidades e viabilizamos que todos tenham o direito de usufruir desses direitos, estamos promovendo justiça social. Esse conceito também abarca a erradicação e a minoração dos efeitos ocasionados pelas desigualdades sociais. Por isso, ao buscarmos compreender sua conceituação, precisamos voltar algumas casas e atentar para as diferenças sociais existentes.
É necessário compreender que essa desigualdade é, em grande parte, resultado da acumulação privada do capital, que concentra oportunidades em poucas mãos e exclui grandes parcelas da população dos processos de desenvolvimento e bem-estar. Assim, falar em justiça social exige reconhecer e enfrentar essa estrutura desigual.
Ademais, é importante refletirmos que, além dos efeitos gerados pelas desigualdades sociais, existem outras camadas que acentuam ainda mais as disparidades, como as questões raciais e de gênero. Esses elementos precisam estar no nosso campo de visão quando nos colocamos no lugar de promotores da justiça social.
Uma regra simples para a concretização da justiça social é a seguinte: a mulher preta, moradora da favela, precisa necessariamente acessar todas as garantias básicas para sua proteção social. Se essa mulher é efetivamente alcançada por políticas públicas de habitação, emprego e renda, saúde, assistência social, entre outras, então esse alcance resulta concretamente em justiça social.
O Brasil está entre os vinte países mais desiguais do mundo. As disparidades sociais evidenciam o enorme fosso entre os que têm acesso às grandes riquezas e os que acessam pouco — ou quase nada. Nesse mesmo país, ainda há pessoas que vivem em insegurança alimentar severa, ou seja, que passam mais de um dia inteiro sem qualquer alimentação. Diante dessa realidade, é urgente desenvolver mecanismos de reparação — para essa e tantas outras injustiças sociais.
Assim, quando sou indagada sobre o motivo de continuar atuando na linha de frente pela promoção da justiça social e dos direitos humanos, lembro necessariamente do fator fome, dos condicionantes da pobreza, e da distância entre o que está garantido nos dispositivos legais — como a Constituição Federal, que reconhece a alimentação como um direito fundamental — e o que, de fato, é acessado pelas pessoas. Ainda há um longo caminho até o pleno direito de ter direitos e a consolidação da dignidade humana.